1. Qual a sua ideia de felicidade perfeita?
- A perfeição não existe. A felicidade é uma quimera vendida pelos gurus de autoajuda (esses máximos burlões).
2. Qual é o seu maior medo?
- Citando Alexandre O’Neil, “o medo vai ter tudo/tudo (Penso no que o medo vai ter/e tenho medo/que é justamente/o que o medo quer).”
3. Na sua personalidade, que característica mais o irrita?
- Impaciência. Ser muito exigente comigo.
4. E qual o traço de personalidade que mais o irrita nos outros?
- Narcisismo. E falsa modéstia (que são falsos antónimos).
5. Que pessoa viva mais admira?
- Manuel João Vieira. Iggy Pop. Adília Lopes.
6. Qual a sua maior extravagância?
- É inconfessável.
7. Qual o seu estado de espírito neste momento?
- Desinspirado.
8. Qual a virtude que pensa estar sobrevalorizada?
- Resiliência. (Tenho uma incompatibilidade genética com o contexto semântico em que a palavra apareceu no léxico e no idioma.)
9. Em que ocasiões mente?
- Tenho a impressão que mentir não compensa, não tanto por ser antiético mentir, mas porque sou assaltado pela sensação de que ser mau mentiroso é facilmente detetável pelo destinatário da mentira. (Ou talvez a resposta seja uma meta-análise sobre a mitomania.)
10. O que menos gosta na sua aparência física?
- Vivo bem dentro do meu corpo. Quase como se fosse um Adónis. (Confrontar com resposta à pergunta número 4).
11. Entre as pessoas vivas, qual a que mais despreza?
- Sendo propenso à santidade e beatitude, o desprezo pelos outros não tem cabimento.
12. Qual a qualidade que mais admira numa pessoa?
- Sê-lo (pessoa). Resposta alternativa: simplicidade (exatamente o que não consigo atingir).
13. Diga uma palavra – ou frase – que diga com muita frequência.
- Não sou repetitivo e tenho uma imensa riqueza de vocabulário, dando-se o caso de detestar a rotina, a monotonia e a mesmice.
14. O quê ou quem é o maior amor da sua vida?
- A Ana.
15. Onde e quando se sente mais feliz?
- Com a Ana, a viajar, a ver teatro e cinema, concertos, e outras coisas inconfessáveis.
16. Que talento não tem e gostaria de ter?
- Para completar a tríade dedicada à Ana: dançar. (No que pessoalmente me diz respeito: tocar piano e falar russo e alemão – para ter o topete de rivalizar com os grandes clássicos da literatura e os grandes filósofos contemporâneos.)
17. Se pudesse mudar alguma coisa em si, o que seria?
- Nada. (O que – estou consciente – entra em rota de colisão com a resposta à pergunta número 1.)
18. O que considera ter sido a sua maior realização?
- Publicar uns livros; tentar ensinar umas coisas mais ou menos interessantes na universidade; os concertos de Idles, Ty Segall, LCD Soundsystem, Sigur Rós, Antony and the Johnsons, Pond; comer tarântula nas Seychelles; a paternidade; e amar. (E outras coisas inconfessáveis.)
19. Se houvesse vida depois da morte, quem ou o quê gostaria de ser?
- Uma não pergunta não é merecedora de resposta, por manifesta impossibilidade do postulado na pergunta.
20. Onde prefere morar?
- Em casa.
21. Qual o seu maior tesouro?
- Um tesouro pressupõe um segredo (estarei errado na conceptualização de tesouro?). Por aí indo, não tenho tesouros dignos de nota.
22. O que considera ser o cúmulo da miséria?
- A indigência não auto-detetada. O David Fonseca. O PS. O tipo das selfies.
23. Qual é a sua ocupação favorita?
- Escrever. Viajar. Música. Poesia. Teatro. Filosofia.
24. Qual é a sua característica mais marcante?
- Autoexigência. Permanente insatisfação com o mundo e os seus preparos.
25. O que mais valoriza nos amigos?
- Sê-lo – e a paciência para me aturarem.
26. Quem são os seus escritores favoritos?
- É mesmo para ostentar a erudição? (Fico-me pela simples ameaça, em jeito de auto-genuflexão ilustrativa de falsa modéstia.)
27. Quem é o seu herói de ficção?
- Não há heróis.
28. Com que figura histórica mais se identifica?
- Aristóteles (remissão para a pergunta número 26).
29. Quem são os seus heróis na vida real?
- Não há heróis.
30. Quais os nomes próprios que mais gosta?
- Desdémona, Gertrudes, Hermengarda, Diógenes, Sófocles, Atanagildo, Esperança.
31. Qual o seu maior arrependimento?
- Não ter arrependimentos para inventariar. (Mas atenção à resposta à pergunta número 9.)
32. Como gostaria de morrer?
- Tenho a firme convicção que isso não vai acontecer. Assim como assim, se a minha convicção for desmentida, não estarei presente para o testemunhar.
33. Qual o seu lema de vida?
- “Oh captain, my captain...” (só para aborrecer os que respondem “carpe diem”).