2.5.12

It’s just a matter of time


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Às vezes, o tempo prometido descobre-se entre a penumbra do passado. Como se houvesse uma ponte mágica sobre um tremendo precipício unindo as duas passagens do tempo. Uma alquimia algures. Intuição que sussurra ao ouvido dando cor a um farol que incendeia a noite escura, a noite pintada com as cores do lugar ermo em que fundeaste.
E nem os dias reprimidos na estiagem se inquietam com as cores iguais, os minutos que se parecem repetir às mesmas horas, todos os dias. Há uma roda dentada, uma batuta algures, uma melodia entoada por trovadoras angelinas, os dedos ungidos por uma bondade interminável. Nem tudo pode a macieza terapêutica. Às vezes, a paciência embota-se na irascível fecundidade dos dias prometidos, no temor que sejam já de baia curta. Aprisionado entre os opostos que alteiam seus pescoços, hesitas. Entre a impaciência dos dias digeridos como se não houvesse mais nenhum amanhã, ou a várzea enfeitada pelos suaves acordes das divindades que sossegam o tempo vindouro.
À roda, quase a disparar a câmara da pistola numa demencial roleta russa, metes travão à impaciência. Ainda não é tempo dela. Sabes que não curas os arrependimentos, que esses consomem-se na sua inutilidade. Mas não omites as vezes que foste buscar ao primeiro chão os sedimentos de algo e depois o erro grosseiro te usurpou. Conta até muitos. Centenas ou milhares – o número bastante para repousares outra vez na durável paciência. E não te arrependas dos porvires ainda por provar. Não te consumas na angústia de os perderes por qualquer acaso, ou porque afinal o tempo prometido, por um sortilégio qualquer, te arqueou na sua escassez.
Sobram os vestígios de uma noite mal dormida, o pensamento às voltas com os hiatos onde se escondeu a lucidez. E será precisa a lucidez? Será precisa, para resgatar as palavras adocicadas, os olhares gentios, a humildade de si, a simplicidade de tudo? Às tantas, onde se consagram os brios da lucidez, há um sinal, um sinal enviado de uma distante estrela que tremeluz discreta, desenhando no céu a sereia dos dias prometidos: a eupatia.
Saibas ser anacoreta nas intransitáveis montanhas teu refúgio.

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