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Pequenos nadas fazem a
diferença. Um código silencioso, eles e elas falando através dos adereços que
ostentam, dos modismos que vão e veem, dos sítios frequentados que depois
entram em desuso (que as modas exigem renovação). As cores são umas num época,
outras depois. O zelo posto na indumentária, no penteado, nos tais pequenos
nadas que ornamentam o conjunto, é ciência exigente. Um pequeno deslize
cauciona a censura dos mais próximos, ou o desdém quando, alcoviteiros, se entretêm
no jogo das facadas pelas costas.
Conversam muito. Mas só sobre
modismos. Dos estilistas em ascensão, dos que deixaram para trás a carreira
meteórica porque perderam crédito. A seita comporta-se como rebanho. Uns
pregadores ungidos com presciência acima da média ditam, do alto do seu giz, as
tendências dominantes. Apeteceu-lhes e essas serão as tendências. Os seguidores
vão atrás, acríticos como em todas as religiões que entronizam seus sacerdotes.
A trupe frequenta os mesmos lugares – assinalados no passa-a-palavra, ou, para
os que cansam a vista na leitura, em épicos e mal escritos roteiros que
afunilam as tendências. E falam uma linguagem repleta de jargão, um sinal
identitário da matilha.
Se calhar, lá em casa até a
cromática dos lençóis combina com as peúgas. Os guardanapos com a cor da roupa
interior. Os óculos – adereço imprescindível, mesmo para quem tem visão a cem
por cento – em harmonia com os sapatos. Aos mais carismáticos, lentes de
contacto sem graduação apenas com o condão de porem os olhos em rima cromática
com as calças. O penteado ora desgrenhado, ora todo alinhadinho com a ajuda de
brilhantina abundante. O que com eles não rima são as manhãs. A vida que
interessa passa pelos ponteiros do relógio quando este assinala a escura noite
que, todavia, é um manancial de néones.
Leram um livro há três anos.
Foram ao cinema para os olhos se deleitarem com um ícone estiloso que fez incursão
desastrada por artes alheias. E é tanto o apetite pela comichosa moda que se
esquecem das refeições à hora que elas deviam ser. Depois, são magros que nem
cães vadios. O estilo obriga. E mais o quê? Nada. Um imenso deserto.
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