In https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzQxayym5dopVZns3eON43jEFFBPdcXT0o22_tmxC4CjpARG_ZHodUig04L36I9X5t_LBjP8DE1t9jWjhLG5fkdlCjamy-Fz05Xvo7vlzJneofW-YqXr34F9U3t_tyvoxCj-Se/s1600/boca_megafone1.jpg
É terrível, a apatia, não é? Quando
uma mole imensa se move à velocidade que torna um retrato matéria inerte, somos
palonços que comem qualquer embutido impingido. Os que, rapaces, protestam
contra a anorexia da ação, esbracejam. Dizem que somos reféns de uma indolência
que nos atira para o abismo. Eles bem vociferam contra os que tudo possuem – a
riqueza, o poder, as nossas vidas e mesmo a nossa dignidade. Só falta
advertirem que os biltres têm capacidades hipnóticas, tamanha a letargia que nos
consome.
Precisamos, pois, de atividade.
Intelectual. De envolvimento, ir a sítios onde se discutem ideias, onde se
protesta contra o atual estado de coisas, ou apenas se proteste contra o que
discordamos. Para ver se nos libertamos. Precisamos de causas. Da pedagogia das
causas. E precisamos de aprender mais do que simples simpatia com causas; exige-se
um passo em diante, o envolvimento nas causas, os pés metidos ao caminho, vozes
desempoeiradas com pregões afinados, atos concretos que ajudem. Precisamos de
sair do adormecimento que é a nossa camisa de forças. Enquanto ficarmos em
casa, a bocejar a nossa inércia, seremos presas f áceis dos
abutres que campeiam na sua grotesca impunidade.
Causas: eu tenho uma, a da
proteção dos animais. Outros, mais ativistas e embebidos no perfume do
humanismo, atirar-me-ão as pedras da infâmia: causa não será, que essas se
esgotam no humano vilipendiado pelos opressores. Não valerá a pena rebater o
antropocentrismo. O que interessa – direi em minha defesa – são causas. Nem que
sejam folclóricas, obtusas, ou causas que se esgotam na individualidade de quem
as promove. Se acham que por causas se aceitam apenas as que trazem um séquito
para as ruas onde se esboçam os protestos, digo-lhes que engrossam a falácia
das multidões que é o credo dos ditos opressores.
Que esta retórica das causas que
não seja tida como convocatória. O que vem desde o início, é a tradução dos maçadores
que têm como causa o convencimento de que devemos estar empenhados numa causa.
Era o que mais faltava, sacerdotes intrusos nas consciências que lhes não
pertencem. Não, as causas não são património genético da coletividade. São
monumentos à individualidade.
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