Massive Attack ft. Hope
Sandoval, “The Spoils”, in https://www.youtube.com/watch?v=8r31DFrFs5A
Onde está o fio à meada? O fio por onde se pegam as
medas que andam em desnorte? Onde – no meio de tanta desarrumação, calçada por
tamancos impróprios que fermentam o desequilíbrio?
Depõem-se as palavras julgadas vãs. E, todavia, delas se
pressente um sentido ténue, um sentido que seja a módica árvore de onde se
retira um significado doravante. Despenha-se o corpo por um desfiladeiro macio,
como se tivesse de ser posto à prova, como se houvesse provações de onde se
extrai o sal purgado que empresta vida à vida. Só que o caos à frente dos olhos
é uma destemperança: angustiante. Tudo está fora do sítio e nem o sítio parece
ter lugar próprio para a existência. A paisagem confunde-se com um nada de onde
nada se extrai. Os pensamentos sobrepõem-se em sua voracidade. Não levam a
lugar algum. Consomem-se na sua vacuidade. O próprio chão parece ter sido
esvaziado de fundo e os pés andam numa fragilidade que não configura confiança.
A desarrumação não é esteio timorato. Por entre os
garfos podres que misturam os ingredientes da desarrumação, há um elemento, por
singelo que seja, a medrar diferença. A antítese da desarrumação. Não têm
serventia os lamentos. Nem as chaves que diligenciam a alvura ardilosa de uma
parede que se insinua como quadro benigno, quando tais chaves são os
ingredientes máximos da desarrumação – e o quadro é um engodo.
Derrote-se a desarrumação. Ordene-se o pensamento por
entre o chão volátil, as águas furtadas que são o ninho dos bastardos, os céus
medonhos compostos de negrume e cinzas sem paradeiro. Faça-se a correspondência
dos atores com os seus palcos, em heurística separação de águas que devolva os
pergaminhos certos aos atores que neles se embebem. E ditem-se os cânones da
arrumação em seu sublime menear. Para que não sobrem vestígios de personagens soezes
que embaciaram a paisagem com o selo da desarrumação. Para, enfim, se
reencontrar o lugar certo por dentro dos nomes que contam.
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