Neil Young, “Harvest Moon”,
in https://www.youtube.com/watch?v=n2MtEsrcTTs
Estultos os tempos que vão de
passagem. Poder-se-ia dizer, em abono de um ânimo qualquer, que os tempos assim
configurados estão de passagem e, em o estando, hão de ter um adeus. Porventura,
não há chão para tamanha esperança. Talvez num assomo de indeclinável
ceticismo, se os tempos hodiernos, já de si tão estultos, estiverem de partida,
adivinha-se (pelo andar das modas) que os tempos que virão em seu lugar cuidarão
de arregimentar ainda mais estultícia.
Tudo isto a propósito de aprender que
parece um crime. Desmerece-se algum formalismo, desmerecem-se conteúdos dantes
ensinados, que agora o que mais conta é não incomodar os aprendentes, não vão
os pobres saldar a experiência da aprendizagem por uma depressão ou coisa
parecida. Pois algumas almas iluminadas (se calhar, mal iluminadas) lhes
afiançaram que por diante havia um mar imenso de expectativas e que ninguém tem
legitimidade para espalhar obstáculos no caminho. Que se entenda a anterior
formulação para os devidos efeitos: os que ensinam não existem para tornar
infernal a vida dos estudantes; em homenagem a um módico de rigor, podem é não
contemporizar com facilidades com institucional rosto que hoje quadram com a
aprendizagem.
Parece que o sistema atual foi criado
para premiar os poltrões. Em abono da teoria, virá um exército de gente bem-pensante
a coligir argumentos para a reinvenção do ensino (que, no fundo, passa pela
destruição da aprendizagem): os jovens não devem ser sobressaltados com as minudências
do ensino formal e da sua substância, pois podem perder um naco importante de
uma parte da vida a que não regressam quando dela sentirem saudades. A aprendizagem
entra em roda livre. Aos aprendentes garante-se uma plêiade de direitos e não
se exigem deveres. Ato contínuo, e de forma abusiva, os arquitetos da
modalidade chamam “ensino democrático”. Os que têm o papel de ensinar são quase
dispensáveis (o que também convém a alguns que têm pavor das salas de aula).
Talvez o exposto soe a
conservadorismo de má cepa. Muito me custa levar com tamanho rótulo, pois abjuro
o que tenha conservadora conotação. Julgo que não será o caso para
imediatamente pespegar um rótulo conservador. Talvez convenha aos aduladores da
desaprendizagem em ação, pois os detratores são arrumados a um canto com um
julgamento ad persona, sem discussão de
ideias. Mantenho: não é conservadorismo acusar este sistema de aprendizagem de
a ter transfigurado numa desaprendizagem. É a observação de quem leva quase um
quarto de século na função.
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