18.4.13

Política smartshop


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(De regresso à atualidade e outras coisas mundanas...)
Há gente que nasceu fadada para o insucesso: o testa-de-ferro do maior partido da oposição bolça o beicinho, que é sua imagem de marca, enquanto se desunha por parecer homem feito de uma têmpera transmontana. (Os transmontanos têm tez rija, talvez por causa do frio e de outras contrariedades semeadas pela geografia adversa.) O homem, tão inseguro, dá o seu melhor. Convencerá meia dúzia de apaniguados lá no partido, teimosos nos trejeitos que são habituais nas claques: o que o líder diz tem digestão obrigatória e acrítica.
A personagem tem andado a apregoar uma política diferente quando (ou se) vier a ser primeiro-ministro. Pois há muita gente, os habituais detentores de oráculos com que profetizam capaz análise política, que já apostaram o seu dinheiro neste cavalo – por assim dizer. O Tozé apresenta-se em público como se estivesse nos antípodas do governo de agora, já que muita gente anda cansada do governo e da austeridade que tem feito o seu caminho no empobrecimento. Assim é fácil. Só é mais difícil convencer os atentos que o partido do Tozé não tem responsabilidades no que nos trouxe até aqui. Detalhes insignificantes para quem faz política sem memória.
Tenho de admitir três coisas: não simpatizo com o Tozé, tenho comiseração por ele, e quando este governo for embora não deixa saudades. Está feito o imperativo registo de interesses (como está na moda dizer – tal como passou a estar na moda a palavra “narrativa” depois do fantasma de Paris ter reaparecido na televisão pública a destilar a bílis de ódio por quem lhe fez a cama e a construir uma “narrativa” que só existe na sua autista cabecinha). Volto onde comecei: há uns aziagos que não têm sorte na vida. Chegam ao lugar errado no momento errado. O Seguro é assim. Ele pode esbracejar com a pose de estadista ofendido, sem nunca se desprender do beicinho pueril; pode prometer a pés juntos que quando (ou se) for primeiro-ministro vai bater o pé à troika e à Merkel e vai meter esta terra no equinócio do crescimento (como se prometer milagres tivesse deixado de ser fácil). Só que foi apanhado na dobra da curva. A troika quis reunir com ele. O primeiro-ministro também. E o tribunal constitucional ofereceu-lhe um presente envenenado. Tenho a impressão que quando (ou se) vier a ser primeiro-ministro, não há de ter destino diferente do seu camarada Hollande, que era a mais recente promessa para romper com a grotesca dominação da Alemanha e teve de meter a cauda entre as pernas.
A partir de hoje, vão passar a ser proibidas mil e quinhentas drogas vendidas em smartshops. Os historiadores económicos ensinam a lei de Gresham: a má moeda expulsa a boa moeda. A lei que proíbe a venda daquelas mil e quinhentas drogas é a refutação da lei de Gresham. Falta contrariar a lei de Gresham que domina, teimosa, a política partidária nativa. É que os protagonistas, como as mil e quinhentas drogas sintéticas e fajutas, não são grande espingarda. E produzem efeitos secundários adversos na saúde da população. 

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