São precisas retroescavadoras para sepultar partes do pensamento que chegam ao conhecimento e que constituem corpos estranhos, destinados a serem quase matéria morta (e só não são porque não deixam de ser pensamento). São preciosas, essas retroescavadoras. É como se uma bússola fosse precisa para situar o próprio pensamento fora do paradeiro compulsivamente contumaz, acertando-o com um lugar próprio.
Às vezes, a bússola acerta-se com a antítese do pensamento. É preciso tomar conhecimento do pensamento em que não nos revemos, para tomar as rédeas ao pensamento que o vulcão das interrogações sem resposta deixa no viveiro das coisas futuras. Esse pensamento não cristaliza, se não em forma de armadilha de que convém prevenir os efeitos danosos. Para se saber de uma identidade, não chega uma correspondência particular entre um pensamento havido e a pessoa que aciona a indagação. Tão importante é inventariar outros pensamentos, à partida opostos ao pensamento alicerçado, para saber onde se situa a gare desses alicerces.
O pensamento discordante é o unguento que terraplana o chão para um pensamento que se aceita. Na medida do possível, por causa das irregularidades do palco em que assenta o pensamento reconhecido. O maior erro é teimar em dogmatismos. As janelas que se fecham intencionalmente, outras vezes apenas espontaneamente, obliteram outros pensamentos divergentes. Podendo omitir pensamentos desconhecidos que podem ser inspiradores, ou outros pensamentos, em total desarmonia, que mesmo assim são um esteio pela oposição que motivam.
Gostava de poder afirmar, quando a pessoal biblioteca fosse encerrada para definitivo inventário, que grande parte das entradas correspondem a pensamento fora das minhas baias. E que, nessa medida, esse foi pensamento que acabou por inspirar o pensamento que tinha como meu. Gostava de deixar para memória futura um pensamento insubmisso, à prova de bala na prova feita aos dogmatismos. Gostava de modestamente convencer os tutores de seu futuro pensamento que mais pródigo é aquele em que não se reveem para o seu próprio poderem tutelar.
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