Gostas de diospiros? Não. E de clementinas? Dessas gosto. E dos autos que inscrevem nomes em pelourinhos indesejados? Não vejo a causalidade com diospiros e clementinas. Mas responde, em todo o caso. Não me é dado saber nada sobre o assunto.
E tu, gostas de diospiros e clementinas – e, já agora, porque não, de framboesas? Gosto dos primeiros e dos terceiros, incomoda-me a acidez das clementinas. E dos autos que convencem as distopias a serem apenas distopias? Se ajudam as distopias a serem logros, assino por baixo.
Já que falamos do assunto, concordas com as palavras suprimidas? Depende do que suprimem, depende do caso em que elas são suprimidas. Não te sentes agredido quando o silêncio é imposto do exterior? Essa é uma pergunta de retórica, só pode ser uma pergunta de retórica.
Ainda que tocas no assunto, tens algo a dizer à barbaridade antropológica da matança do porco? Digo que temos de nos alimentar. Portanto, ias a uma tourada? Como observadora de um fenómeno social, admito que ia, mas não aplaudia as lides (a menos que um cavaleiro fosse derrubado pelo touro enfurecido, sendo garantindo que o cavalo saía ileso).
Mas ainda não estou convencida que não consideres o silêncio forçado uma não disfarçada censura, uma coisa abjeta. Não disse o contrário: sou eu que dito o meu silêncio, eu e as circunstâncias que o aconselhem. Não tens medo das palavras que ficam de fora? As palavras podem ser ditas outra vez, mesmo quando não foram ditas da primeira vez.
És assaltada pela denúncia de palavras que ficaram por ser ditas? Todos temos os nossos arrependimentos, que são uma redenção adiada. E as palavras que ficam arquivadas no esquecimento são seletivas quando pensas nas pessoas a quem deviam ter sido ditas? As pessoas não são todas iguais; nem as que se remetem ao silêncio, abolindo as palavras que deviam ser ditas, nem as pessoas que as deviam ouvir: fica por saber o que não se disse.
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