“Uma má decisão coletiva é melhor do que uma boa decisão individual”, palavras de um militante do PC, cujo nome não foi revelado.
Uma espécie de cobertura para disfarçar o bolo, ou o ardil para dar fingimento a uma condição que não se quer exposta. As peças movem-se, matreiras, no cenáculo onde lidam com as contingências inevitáveis. É preciso uma decisão. Sob pena de todos ficarem à mercê das implacáveis congeminações imputáveis à entidade mítica que dá pelo nome de destino.
Uma aspiração sublime da pessoa é haver quem se responsabilize pelos seus atos. É o que dizem alguns, a pretexto de outros preparos. Juntam-se as pessoas numa assembleia. A linguagem moderna chama um “brainstorm”. Tantos cérebros engaçados em febril intelectual atividade coalescem numa deliberação coletiva. Dizem os mesmos, a pretexto de outros pretextos: muitas cabeças juntas pensam melhor do que uma sozinha. Não importa medir o pulso à qualidade da decisão. O processo é que conta. Há que despir a pessoa da sua individualidade. Ela assume a sua vocação quando se junta a outras e todas, em conjunto, decidem em nome de cada uma.
A tempestade de cérebros amanhece o dia claro que se exige para afastar fantasmas. Juntos, misturam os vários ângulos que se oferecem à análise. Previne-se o monolitismo da observação que é inata à decisão quando é tomada por um só (o autocrata). As cartas são atiradas para a mesa e ficam disponíveis para o necessário sopesar. Os cérebros em febril atividade intelectual irrompem na discriminação do que interessa reter e do que deve ser prescindido. Uma vez mais: o processo é que conta. O resto não. Não importa que a decisão esbarre na aresta do erro.
Para memória futura, e para aprendizagem dos petizes ainda carentes de tirocínio para serem cidadãos exemplares: recusem o ensimesmar das decisões tomadas no interior de si mesmos. Ainda que essas decisões vençam no plano dos efeitos, são sempre inferiores às decisões quando todos se juntam em assembleia e festejam a resolução aprovada pelo grupo. Ainda que esta seja uma má decisão; pois, sendo coletiva, e sobrepondo-se o processo aos efeitos do mesmo, uma má decisão, se coletiva, tem precedência sobre uma decisão boa, só que selada com a assinatura de uma pessoa só.
Eis uma boa súmula da má moeda cunhada na História da humanidade.
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