Era capaz de jurar, sobre o sortilégio do amanhecer, que as palavras se embotavam na soldadura e abonava como se tivessem dito que era preciso torná-las solenes. Se fosse pelos suores que dedilhavam os ossos, as enseadas saíam do esconderijo para darem nomes aos mares despojados. Sobravam os fiordes imaginados que arrefeciam a boca.
Num tirocínio constante, as mãos davam-se à terra. Nesse embeber estava o diadema que convocava a fusão com a natureza. Uma força coesa emergia das entranhas da terra, parecia que as águas vulcânicas se iam derramar sobre o céu em aberto. Era o efeito das mãos telúricas a remexerem na terra: agravavam o seu prejuízo antes de bolçarem um pedaço das entranhas, sem vergonha de virem nuas à tona.
Não se tratava de esgrima, que a peleja (assim fazem constar os compêndios) é desigual. As manhãs não coligiam os pesadelos desandados, esses ficavam por conta das assombrações que colonizaram os sonos. Mas as mãos não capitulavam, sabiam da sua imensa fragilidade. Por isso embebiam-se na terra fresca para saberem suas as madrugais feições. Queriam comungar do magma estreito que tira a febre da terra. Queriam voltar a ser humildes.
Depois da safra, a sua diligência amanhecia no horizonte que se levantava sob a égide do sol. As mãos apareciam nuas, sujas de tanta pureza dos nutrientes costurados pela submersão na terra funda. As mãos legavam a tabela periódica que coalescia às dores do futuro. Agora, as árvores já podiam ser. Os bichos não pediam extinção contra as injúrias dos Homens. O arrebatamento ficava por conta dos olhos cautelares, de atalaia às dores dos elementos, seus procuradores insaciáveis.
Ficava dito: por tanto que fique emoldurado sobre as ofensas à natureza, ainda é uma luta desigual. Não queiram ver a natureza iracunda a transbordar os seus efeitos para os limites do Homem.
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