15.1.25

Antologia dos estupores

The Horrors, “Sheena Is a Parasite”, in https://www.youtube.com/watch?v=Qqo3yR109wE

Biltres a rodos não é singularidade da paisagem habitada. Língua corrompida pela falsidade, malsãos personagens que ocupam espaço excessivo, como se por serem obnóxios tivessem direito a uma obesidade gratuita e não reprimida. Dizem que têm o coração na boca, mas convém não amesquinhar o coração pela diarreia improfícua que fazem desabar a partir da sua falaz facúndia. 

Terra de fracos costumes – diz-se que é esta, habitada. Talvez a preceito dos miseráveis disfarçados de escol que abastardam o espaço público. Por mecanismos que só os generosos dirão insondáveis, ocupam tronos diversos e passeiam a imodéstia na inversa proporção dos pergaminhos que ficam à mostra de eventuais síndicos. Entretecem teias robustas que alimentam a ascensão (primeiro) e a manutenção (consecutivamente) no erário que cativa a atenção de todos estes que, por dever de se manterem atualizados com as sinuosas curvas do país e do mundo, consomem informação.

Os farsantes mentem com diligência, indiferentes ao lamentável espetáculo de quem insulta a inteligência dos outros. Contam com o mínimo denominador comum que alcatifa a inteligência geral e com a apatia dos outros que se desimportaram da coisa pública e, por exigência interior de sanidade mental, deixaram de passar cartão aos estupores que adejam com a constância do tempo e o maleplácito (palavra acabada de inventar) dos seus pares, que se amparam uns aos outros na bordadura de uma oligarquia sem disfarce.

São filhos da puta encartados, sem ofensa às progenitoras, por força de uma força de expressão. Os genes estão em contínua combustão iniciática por se locupletarem com sinecuras a eito e proventos materiais a tiracolo. São a imagem de quem os sustenta por estes manterem uma atenção, às vezes uma devoção, pelo que dizem e falam. Beócios que não privam com as massas de que dizem ser representantes, não fizeram a escola de um supremo magistrado que preencheu os mandatos a conviver excessivamente com a “ralé” e a distribuir autorretratos a eito. 

Esta é a antologia dos estupores que nunca saem de cena, nem mesmo quando são atirados para uma terapêutica sabática, pois acabam sempre por regressar ao lugar do crime. Eles diriam, insensíveis às necedades entranhadas, que estão a precisar de uma hagiografia. Que a façam uns aos outros. 

Sem comentários: