She Wants Revenge, “These
Things”, in https://www.youtube.com/watch?v=g4cVv0kb-Fs
Procurar o decrépito piano na soleira
da árvore sozinha e dedilhar uma música simples. Investir contra os mastins do
tempo, mostrando como estão errados sobre a vazão das marés. Arranjar o chão
desnivelado com o préstimo das pedras colhidas na serrania flamífera. Cozinhar com
as pétalas arrancadas ao desdém da alvorada.
Abrir as janelas de par em par e
sentir o cheiro do nevoeiro. Esquematizar pretextos contra os imperativos que
arregaçam o olhar desconfiado da vontade. Meter a fundo os braços nas
empreitadas transversais, até naquelas que reivindiquem o vencimento da vontade
ínclita. Dar conta das contradições, sendo delas tutor em vez de por elas
decair na vez de presa. Conversar com o idoso que precisa de meter conversa,
nem que sejam banais as palavras terçadas. Correr contra a maré emaciada,
levantando as águas madraças com as mãos vigorosas, sendo arquiteto do mar sem
recear a dimensão que o faz perder de vista. Embalsamar os medos que se
congraçam no penhor do sono macio.
Acender as velas aveludadas e chorar
quando o choro faz sua intercedência. Persistir com o martelo hidráulico da
vontade, nem que se confunda com teimosia, e arrancar do chão os fantasmas telúricos,
beijando os contrafortes do porvir de que se espera sinal. Não virar o rosto à
melancolia quando ela rema mais forte, dando-lhe o palco que precisa e depois
matando-a, matando-a mesmo que não tenha de ser à nascença. Porfiar o necessário
quando as veias urdem um propósito emoldurado na cartografia do céu em espera. Tirar
os dados sem sorte e afoguear as mágoas até que sejam apenas indistintas cinzas
levadas pelo vento vespertino.
Desamordaçar a voz, nem que seja para
proferir o silêncio belo. Na vigília dos tenentes da bondade, a persignação em
forma de luto. Tecer louvores justificados aos artesãos das palavras que
semeiam quimeras sem par. Destemer as grutas medonhas que oferecem trevas sem equivalência
em lugar do confortável passeio na margem do rio, pois a escuridão oferece um
regaço à contemplação necessária.
Voltar às teclas do piano e verter em
música o tempo em espera, em jeito de oráculo virtuoso. Com o vagar necessário.
Sopesando a bondade em altares vítreos, dando o corpo de garantia. Apreciar os
dedos que se movem com o sortilégio da luz trespassada, num sucessivo percutir gentil
que compõe a pauta benigna.
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